Sempre temos a ideia que final de ano é momento de festas e felicidade. É muito comum acontecer com várias pessoas o que a psicologia chama de Depressão de Natal (Christmas Blues), que acomete cerca de 20 a 30 % da população ocidental.
Portanto, muita gente associa o Natal a saudade, solidão, ansiedade, insegurança e por aí vai. E esses sentimentos aumentam quando vemos na mídia todo mundo celebrando, muito feliz, e a pessoa não está a fim de acompanhar essa good vibes, sentindo uma pressão social e fica se sentindo péssimo.
Todo mundo é muito solicitado a fazer uma série de coisas que vai contra sua natureza: tem que compartilhar coisas com quem não quer compartilhar, é convidado a muitos eventos de fim de ano, precisa estar feliz. E aí vai deprimindo por não estar acompanhando e se culpando por isso. Além de que, se a pessoa resolver não ir para nada, ou negar algum evento, ou não está pulando de felicidade, é tido como estranho, antissocial ou estraga-festa.
Somado a isso, temos o balanço de fim de ano. Afinal, “então é Natal e o que você fez?”. Que metas cumpriu? Avançou em algum sentido? Revolucionou sua vida como havia prometido há um ano? Dificilmente, afinal focamos nas grandes e notórias conquistas. Mas esquecemos as pequenas vitórias invisíveis, o que manteve em sua vida, quem permaneceu ao seu lado, que entrou e quem saiu (sim, porque algumas pessoas saírem de nossa vida também é um ganho). Acima de tudo, chegamos vivos por mais um ano.
O bom é que a depressão de Natal some em janeiro, mas enquanto isso, evite fazer coisas que possa se arrepender depois. Pois a depressão pode lhe fazer tomar decisões ruins, beber demais, comprar demais, terminar relações, brigar com alguém, pedir demissão, etc.
Faça as pazes com o que você sente, espere as festas terminarem para tomar decisões sérias. Porém, por mais que se sinta tentado a se isolar, faça um movimento contrário ao da depressão, que é do encolhimento. Saia de seu casulo. Não quer dizer que tem que ir para as confraternizações ou amigos secretos. Procure interagir com outras pessoas, mesmo que pareça difícil, para que não se entregue a essa depressão.
Pode também iniciar uma nova tradição nesta época: alguma atividade que lhe gere prazer e que não necessariamente tenha a ver com o fim do ano. E lembre-se: sua felicidade reside na troca com outro ser humano. Que tal servir aos outros? Dividir a comida com quem não tem? Doar roupas antigas (não velhas)? Visitar quem nunca mais viu? Talvez isso tudo faça você ressignificar o fim do ano, trazendo um sentido mais positivo para esta época.
Cautela: se a depressão de fim de ano persistir, procure um profissional para tratar isso. Seja como for, aprenda a identificar o que lhe traz sentimentos ruins, entena que não precisa estar na mesma vibração de todos, você pode ser você mesmo e sentir a vida da forma que você dá conta.
Marcelo Barreto - Psicólogo
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