PSICOLOGIA POSITIVA: VOCÊ É FELIZ?


 

O que é felicidade para você? Defina em uma palavra.

Felicidade é um conceito multifatorial, diferente de alegria, que é uma reação circunstancial quando acontece algo bom. Felicidade é existencial. Olhando para o todo da sua vida e se sentir feliz, mesmo que ocorra tristezas circunstanciais.

Segundo a filosofia:

Tales de Mileto: É feliz “quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma formada”.

Demócrito de Abdera (460 a.C./370 a.C.): a felicidade é “a medida do prazer e a proporção da vida”. Para atingí-la, o homem precisa deixar de lado as ilusões e os desejos e alcançar a serenidade.

Sócrates (469 a.C./399 a.C.): a felicidade não se relaciona apenas à satisfação dos desejos e necessidades do corpo, mas principalmente da alma, que só podia ser atingido por meio de uma conduta virtuosa e justa.

Antístenes (445 a.C./365 a.C.): discípulo de Sócrates. Acrescentou que o homem feliz é o homem autossuficiente.

Platão (348 a.C./347 a.C.): considerava que todas as coisas tem uma função. Assim, como a função do olho é ver e do ouvido é ouvir, a função da alma é ser virtuosa e justa, de modo que, exercendo a virtude e a justiça, ela obtém a felicidade.

Aristóteles (348 a.C./322 a.C.): reconheceu a necessidade de elementos básicos, como a saúde, a liberdade (em vez de escravidão) e uma boa situação socioeconômica para alguém ser feliz. Para ele, também é uma função do Estado criar condições para o cidadão ser feliz.

Epicuro (341 a.C./271 a.C): o prazer era essencial à felicidade para Epicuro, cuja filosofia também é conhecida pelo nome de hedonismo.

Agostinho de Hipona (354 d.C./430 d.C.), Anselmo de Canterbury (1033/1109) e Tomás de Aquino (1225/1274): mais do que a felicidade, o que conta é a salvação da alma.

John Locke (1632/1704) e Leibniz (1646/1716): identificaram a felicidade com o prazer, um “prazer duradouro”.

Immanuel Kant (1724/1804): definiu a felicidade como “a condição do ser racional no mundo, para quem, ao longo da vida, tudo acontece e acordo com o seu desejo e vontade”.

Bertrand Russel (1872/1970): é necessário alimentar uma multiplicidade de interesses e de relações com as coisas e com as pessoas para ser feliz. Para ele, em síntese, a felicidade é a eliminação do egocentrismo.


Para o Dr. Martin Seligman: psicologia positiva é o estudo científico das forças e virtudes que permitem aos indivíduos, organizações e comunidades atingirem seu desenvolvimento pleno”. Seligman já foi presidente a APA (Associação de Psicologia Americana). Fundou a Psicologia Positiva em 1998 para enfatizar a felicidade no campo científico.

Depressão é o termo técnico para infelicidade. A psicologia positiva potencializa a felicidade. A clínica trabalha com dois tipos de serviço: 1) a terapia, para reabilitação em quadros de sofrimento, psicopatologias, transtornos; 2) treinamento de habilidades, desenvolvimento de potencialidades para promover níveis de felicidade. Isso pode ser feito separadamente.

Tem pacientes que não reúnem critérios para diagnóstico, mas pode se desenvolver no treinamento, seus repertórios, amadurecendo e usufruir de mais qualidade de vida. Muitas vezes o marketing da psicologia está ligada ao sofrimento (imagens de pessoas sofrendo, com mão na cabeça, “trate a ansiedade e depressão”), mas nossa divulgação deveria mostrar também pessoas caminhando para mais felicidade, porque estão se desenvolvendo, adquirindo maiores níveis de bem-estar.

Originalmente, a psicologia tinha 3 missões:

  1. Curar as doenças mentais;
  2. Tornar mais feliz a vida das pessoas;
  3. Cultivar e identificar talentos humanos.

Depois da II Guerra Mundial, só a primeira missão foi enfatizada. Mas Seligman buscou resgatar as outras duas missões ao criar a Psicologia Positiva. Uma vez que a psicologia não é só o estudo da patologia e da fraqueza, mas também da força e da virtude. Apenas tratar as dores não faz ninguém feliz.

Há dois estados afetivos agradáveis associados a baixo e alto nível de excitação autonômica, ou seja, dois tipos de felicidade: uma excitada (com sensações de prazer, êxtase e júbilo) e outra relaxada (paz de espírito, serenidade, saciedade).

E qual parâmetro para identificar a felicidade de acordo com nossas emoções? Chamamos isso de Balanço Afetivo: para cada 4 emoções, que 3 sejam agradáveis e 1 desagradável. Este é um indicador emocional para felicidade.

Precisamos considerar a sensação desagradável, não há como extirpar isso da nossa vida. Portanto, se tiver 3 agradáveis para zero desagradável, flerta com utopismo, onde tudo é bom e perfeito.

Se tiver 1 agradável para cada 1 desagradável, já está numa depressão moderada. Mas se tiver mais desagradáveis que agradáveis, já é depressão.


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