Você pode acabar se metendo em relações ruins só porque não sabe ficar só. E ao evitar fizer sozinho(a), você perde a chance de se conectar com você mesmo(a) e atender suas necessidades.
É verdade que somos animais sociais, mas nosso bem-estar também depende de nossa capacidade de estar sozinho (como cita um artigo da Scientific Reports). Se você não sabe viver sem alguém grudado em você, certamente deve estar com problemas de apego emocional.
Isso tende a fazer com que você se deixe em segundo lugar, se deixando levar pelas vontades dos outros, temendo perdê-las, e sem saber quais são suas necessidades, pois você nem se permitiu a se conectar com elas em momentos de introspecção.
A psicologia existencial nos diz que a solidão é essencial para refletirmos sobre nosso propósitos. Vamos ver agora algumas técnicas que ajudam nisso:
- Leitura ativa: aprender sobre coisas novas e fazer pequenos resumos do que aprendeu e como pode colocar em prática em sua vida.
- Escrita reflexiva: escrever sobre o que sente, pensa e vivencia ajuda a organizar e sedimentar novas ideias e comportamentos.
- Caminhada pela natureza: isso faz com que naturalmente você relaxe e promova formas mais "limpas" de ser.
- Atividades artísticas: escrever poesia ou romance, cantar, tocar instrumento, pintar ou desenhar, são alguns exemplos de como o momento de criatividade coloca para fora suas emoções e faz você se desconectar com o mundo e curtir seu momento de estar só.
Trabalhe também sua autoestima assim:
Encontre atividades que gosta de fazer sozinho ou se permita fazer sozinho algumas coisas que faz acompanhado, por exemplo, ir ao cinema, a uma sorveteria, um restaurante ou à praia.
Autovalidação: faça uma lista de aspectos seus que são apreciáveis, com qualidades, capacidades, conquistas e ações virtuosas.
Autonomia: faça coisas em que você sente que está progredindo ou conseguiu realizar por conta própria, como fazer musculação, esporte, meditação, estudo, tarefas no trabalho, tomada de decisões e objetivos pessoais. São coisas que, ainda que sejam em grupo ou com ajuda, ninguém pode fazer por você.
Observe o ambiente: se aproxime de pessoas que lhe elevam e se afaste daquelas que lhe diminuem. Faça parte de grupos que foquem numa melhoria em algum aspecto da vida (física, acadêmica, profissional, espiritual etc) e evite convívio com aqueles que não lhe respeitam, ainda que sejam familiares.
De acordo com uma pesquisa do Personality & Social Psychology Bulletin, é preciso estabelecermos horários diários de solidão, de 20 a 60 minutos, depende de cada um. O mindfulness ajuda nisso, ao treinar focar no aqui e agora. Perceba se você tem a crença de que não pode ficar sozinho e comece a corrigir essa distorção de pensamento. Por exemplo: "é enriquecedor e gostoso ficar sozinho neste momento. Não me importa se estão me julgando sobre porque estou sozinho aqui no cinema/shopping/praia. Se eles pensarem algo, logo voltarão às suas próprias vidas e o que quer que pensem não me afetará, pois nada me interessa seus pensamentos e conheço a mim mesmo, portanto sei o que estou fazendo".
Se tudo for muito difícil na prática, pode se hora de buscar um tratamento individualizado. Você pode precisar superar medo de rejeição, de abandono, dependência emocional, traumas ou vazio existencial.
- José Marcelo Barreto de Oliveira - CRP 19/2385
Comentários
Postar um comentário