Síndrome da Fadiga Crônica



SÍNDROME DA FADIGA CRÔNICA (SFC)

Terapias nas abordagens cognitiva e comportamental visam promover a atividade física regular de moderada intensidade, identificar e intervir sobre estressores psicológicos e aceitação da SFC como uma condição médica que propicia oportunidades para uma vida significativa e satisfatória.

Presença de fadiga intensa, pelo período de pelo menos seis meses, com prejuízo no funcionamento escolar, ocupacional, social e pessoal, sem causa médica conhecida, e que apresente, simultaneamente, ao menos quatro dentre os sintomas abaixo citados:

• Prejuízo na memória de curto prazo e na concentração, a ponto de afetar aspectos do funcionamento global
• Dor de garganta
• Sensibilidade aumentada nos linfonodos cervicais ou na axila
• Dor muscular
• Dor em várias articulações, sem inchaço ou vermelhidão
• Um novo tipo, padrão ou intensidade de cefaleia
• Sono não reparador
• Mal-estar intenso e prolongado após exercício físico.

No tratamento precisa-se lidar com a dor crônica como um ambiente que o paciente criou para si mesmo, numa tentativa de sarar, mas que acabou fechando num conjunto de círculos viciosos em que a dor é mantida. O paciente pode aprender a identificar emoções negativas relacionadas à dor e com os eventos estressantes e reconhecer seus pensamentos disfuncionais e vieses cognitivos que ocorrem nessas situações.

O tratamento consistiria na modificação de contingências relevantes com o objetivo de aumentar a frequência de comportamentos alternativos adaptativos. Novas contingências são construídas. O comportamento de dor não é mais reforçado e comportamentos adaptativos o são.

Sentimentos são efeitos colaterais de contingências e não podem ser combatidos. A dor não é algo que tem que ser controlada para poder viver, mas um motivo para mudar algumas opções fundamentais na vida, de superar certas limitações e de enfrentar de maneira criativa os desafios da interação com o seu universo.

O propósito da terapia comportamental-cognitiva seria o de ensinar aos pacientes estratégias para gerenciamento de suas atividades, estressores e sintomas. O objetivo maior seria a promover uma vida com qualidade, ainda que permeada por alguns sintomas. Segundo o CDC (2006), a terapia comportamental-cognitiva parece reduzir os sintomas e melhorar o funcionamento geral do indivíduo, embora as pesquisas avaliadas pela instituiçao apontem efeito limitado sobre dor e fadiga. A terapia auxiliaria uma reação mais positiva à SFC, permitindo lidar melhor com as eventuais limitações e descobrir as soluções possíveis para cada caso.

Como intervenções mais frequentes, são mencionados o relaxamento respiratório e muscular, treino de autofalas (com função instrucional e de reasseguramento) e o treino de resolução de problemas.

O aumento excessivo na atividade física pode agravar os sintomas da SFC e a inatividade, por sua vez, seria ainda mais nociva, por gerar um precário condicionamento físico. Qualquer indivíduo em má forma física, ao se exercitar, entra em contato com consequências como dor, fraqueza e fadiga, fenômenos que podem ser confundidos com os sintomas da SFC. O desafio é encontrar um ponto de equilíbrio e colocar o indivíduo sob controle dos reforçadores advindos da prática regular de atividade moderada. Deve-se, ao longo do processo, evidenciar ao portador os benefícios que efetivamente resultarem da ativação física, por exemplo, ganhos em força e condicionamento cardiovascular, integração social, sensação de bem-estar e autonomia. Para analisar as variáveis de controle do comportamento de esquiva dos pacientes, deve-se considerar que a retomada da atividade física intensa após longo período de inatividade geralmente resulta em um intenso mal-estar. Esta consequência terminaria por punir a resposta de exercitar-se (ou seja, ocorreria significativa redução de sua probabilidade futura) e fortaleceria esquivas. Ou seja, aumentaria a probabilidade de comportamentos de se isolar casa, sem praticar atividade física (sob controle dos sintomas da SFC e dos estímulos pré-aversivos a eles relacionados). Alguns portadores, com base nessa instável e aversiva história de vida, descrevem sua condição do seguinte modo: “o jeito é ficar quieto, qualquer esforço é ainda pior”. A inatividade, enquanto esquiva, resulta num estado precário de condicionamento físico, com incapacitação física, ocupacional e social e dores crescentes. Esse quadro configura um conjunto de estímulos pré-aversivos, interpretados pelo paciente como sinais do risco aumentado de agravamento do quadro clínico, o que termina por justificar a inatividade como medida preventiva. A psicoeducação, a exposição gradual à atividade física branda e o reforçamento social seriam provavelmente estratégias do terapeuta para promover a dessensibilização aos estados corporais alterados, inerentes à retomada da prática do exercício físico (provavelmente haverá aceleração do ritmo cardíaco, sudorese, fadiga e alguma dor pós-exercício).

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