Os transtornos alimentares são caracterizados por alterações e perturbações psicológicas referentes à alimentação que interferem na saúde física e mental do indivíduo. Essas alterações referem-se ao excesso de comida ou à falta dela.
Não existe uma causa específica para a enfermidade, e sim um conjunto de fatores que podem engatilhar o transtorno.
Fatores genéticos: Embora ainda não se tenha uma confirmação da etiologia genética nos transtornos alimentares, pesquisas relatam que eles são mais frequentes em parentes de primeiro grau. Pesquisas sobre agregação familiar demonstram a existência de mecanismos de transmissão da doença em famílias. Através de estudos com gêmeos monozigóticos e dizigóticos também apontaram a genética como possível participante das causas dos distúrbios alimentares.
Fatores biológicos: Acredita-se que modificações em neurotransmissores do cérebro como a serotonina, a reguladora do nosso sono, humor, ritmo cardíaco e apetite, pode estar por trás das causas dos transtornos.
Fatores psicológicos: A presença de doenças como depressão e ansiedade, ou baixa autoestima e traumas, dão força ao aparecimento dos distúrbios, pois distorcem a imagem que o indivíduo tem de si mesmo.
Fatores sociais: Essa é uma das principais causas do problema. Os padrões de beleza são os maiores vilões dos transtornos alimentares, pois desencadeiam frustrações, baixa autoestima e necessidade de aceitação perante à sociedade. Os padrões de beleza mudam conforme o período histórico, mas as pressões e as consequências delas não mudam nunca: o indivíduo está sempre em dívida com a balança.
Tipos de Transtornos Alimentares
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), os Transtornos Alimentares são divididos da seguinte maneira: Anorexia Nervosa (inclui Anorexia Nervosa Atípica), Bulimia Nervosa (inclui Bulimia Nervosa Atípica), Hiperfagia associada a outros distúrbios psicológicos, vômitos associados a outros distúrbios psicológicos e outros Transtornos da Alimentação.
Além dos transtornos listados oficialmente pelo CID, vamos tratar também de outras disfunções decorrentes da alimentação de forma não saudável.
Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa ocorre quando há perda de peso excessiva de forma intencional, ou induzida, por parte do paciente, sendo que tal perda seria decorrente da distorção da imagem corporal. Os indivíduos que sofrem desse distúrbio podem fazer uso de anorexígenos, laxantes, vômitos propositais, purgação e exercícios físicos exagerados a fim de chegar à magreza esperada.
O distúrbio comumente acomete mulheres adolescentes e jovens, mas adolescentes do sexo masculino, embora em menor número, também entram na equação.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o diagnóstico da anorexia nervosa pode ser baseado na seguinte premissa: o peso corporal é mantido abaixo dos 15% esperados, isso de acordo com cada indivíduo. Os sintomas citados acima são primordiais para diagnosticar o paciente.
Outro indicador do transtorno em mulheres pode ser a amenorreia, ou seja, a ausência de menstruação quando deveria acontecer.
Anorexia nervosa atípica
São os pacientes que apresentam alguns sintomas da anorexia nervosa, como o pensamento constante em perder peso, restrições alimentares, amenorreia, entre outros, mas que não se enquadram no quadro clínico do transtorno. É um grau mais ameno de anorexia mas que deve ser acompanhado por profissionais da saúde.
Bulimia Nervosa
A palavra vem do grego, boûs (boi), e limós (fome). Ou seja, “bulimia” significa, literalmente, fome de boi. O transtorno se caracteriza por fome excessiva e descontrolada, seguida de comportamentos compensatórios, como indução do vômito, uso de laxantes e diuréticos, períodos de jejum e prática de exercícios em excesso.
Os principais sintomas da bulimia são:
- refluxo gástrico;
- sensibilidade nos dentes e erosão do esmalte dentário;
- dor de garganta e inflamação na garganta;
- desidratação;
- comer compulsivamente e em grandes quantidades;
- métodos compensatórios;
- pensamento frequente em perder peso.
Bulimia Nervosa Atípica
Algumas características e sintomas da bulimia nervosa aparecem, mas não se enquadram no quadro clínico global, mesmo que o paciente tenha preocupação excessiva com o peso e alguns episódios de hiperfagia tenham ocorrido. Para o diagnóstico preciso, procure um médico.
A diferença entre anorexia e bulimia está na manutenção do peso considerado saudável pela OMS. Os que sofrem de anorexia estão sempre abaixo dele, mas os pacientes com bulimia conseguem mascarar o transtorno na balança pois mutias vezes conseguem manter o peso considerado ideal.
Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)
Esse transtorno alimentar compulsivo periódico se dá quando há a perda de controle sobre o consumo de alimentos, ingerindo-os de forma compulsiva. É o mais comum dos transtornos e muitas vezes causam sobrepeso ou obesidade, quadro preocupante pela predisposição à doenças cardiovasculares.
Comer rapidamente, em grandes quantidades e até sentir-se cheio é um dos sinais do transtorno de compulsão alimentar periódica. Ás vezes, o paciente prefere fazer suas refeições sozinho por vergonha e culpa e também costuma comer mesmo sem estar com apetite.
Diferentemente da bulimia e da anorexia, aqui não há comportamento compensatório, como indução de vômito.
Hiperfagia
A hiperfagia, segundo a OMS, é um transtorno mental causado por eventos traumáticos como acidentes, perdas de entes queridos, entre outros, cujo resultado é o consumo excessivo de alimentos. Geralmente, desencadeia o aumento rápido de peso e pode levar à obesidade.
Transtorno Alimentar Noturno
Também conhecido por “Síndrome do Comer Noturno”, o transtorno se caracteriza pela ingestão de alimentos de forma compulsiva no período da noite.
Um dos sintomas do transtorno alimentar noturno é quando o indivíduo evita comer durante o dia, ou pratica jejum, mas assalta a geladeira de forma compulsória durante a noite, comendo em grandes quantidades. Outro sinal da síndrome é a insônia após a refeição.
Alotriofagia
Também chamada de “Síndrome de Pica”, se dá através do consumo de substâncias não alimentares e não nutritivas, como: terra, tecido, tijolo, batom, carvão, etc. É considerado um transtorno mental.
Ortorexia
Relativamente novo na lista de transtornos alimentares, e ortorexia caracteriza-se por uma preocupação excessiva pelos alimentos que serão ingeridos. É a obsessão em comer de forma saudável.
Obesidade
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), a obesidade (E66.0, no CID) pode ser uma consequência dos transtornos alimentares. Isso vai depender muito do caso do paciente, pois a obesidade tem diversas origens.
Segundo a OMS, obesidade é definida como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura que representa riscos para a saúde, como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
Pelo menos 2.8 milhões de pessoas morrem todo ano em consequência da obesidade e sobrepeso. O problema é mais comum em países desenvolvidos, concentrando-se principalmente nas áreas urbanas.
Transtorno alimentar e suas faixas etárias
Embora os transtornos alimentares sejam mais comum em adolescentes e jovens adultos, eles podem dar as caras logo nos primeiros anos de vida. O transtorno alimentar infantil existe e pode ser causado pelos mesmos motivos que os de qualquer outra faixa etária: as imposições da sociedade quanto aos padrões de beleza.
Aqui, vale ressaltar também a influência dos pais com dietas restritivas ou permissivas demais, a ingestão de alimentos sem qualquer valor nutritivo – junk food – e o bullying como possíveis gatilhos para os distúrbios.
Mas, geralmente, os transtornos são mais evidentes e diagnosticados a partir dos 13 anos. O transtorno alimentar na adolescência é preocupante.
Segundo a pesquisa feita pela Secretaria de Estado da Saúde, 77% das jovens em São Paulo têm tendência a terem distúrbios alimentares. Em média, a cada 2 dias, uma pessoa é internada por anorexia ou bulimia nos hospitais que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em São Paulo.
Como tratar Transtorno Alimentar?
Os tratamentos em tipos de transtornos alimentares têm uma coisa em comum: restaurar a nutrição adequada. Toda a compulsão e exagero devem ser reduzidos de forma que o hábito alimentar do paciente se torne algo prazeroso, sem culpa e, principalmente, saudável.
A psicoterapia é um dos métodos mais eficazes pois ajuda a entender os motivos psicológicos que transformaram a alimentação em vilão.
Transtornos alimentares e psicologia estão muito atrelados, já que os distúrbios não aparecem sozinhos. São motivados por doenças, traumas e outros. A ansiedade nos transtornos alimentares é muito frequente, já que, além de ser um gatilho para os distúrbios, também dá as caras durante eles. A ansiedade em comer, em emagrecer, em se adequar. Os transtornos alimentares e depressão são bem comuns também e podem ser outro fator determinante no início de um distúrbio.
Monitoramento, cuidados médicos e aconselhamento com nutricionistas são fundamentais no processo de tratamento dos distúrbios. Medicamentos podem ser prescritos para combater a origem de alguns transtornos, como os antidepressivos para a depressão.
Fonte: https://www.telavita.com.br/blog/transtorno-alimentar/
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