Critérios da Saúde Psicológica




 A EQUAÇÃO DA FELICIDADE

A visão analítico-comportamental considera o funcionamento comportamental integral como produto dos processos multifatoriais históricos e atuais. Nesse sentido, propomos o uso da expressão “Inteligência Psicológica” como intercambiável ao termo “Saúde Psicológica”, para designar o conjunto de habilidades e valores de ocorrência pública e privada, que resultem em interações positiva e negativamente reforçadoras sobre o ambiente interno e externo ao individuo, de curto e longo prazo, nas áreas significativas da existência, resultante em qualidade de vida, atitudes positivas, sentimentos de pertencimento, sentido e propósito e um estado relativamente constante de paz e homeostase, prazer e alegria, convencionalmente chamado de bem-estar, satisfação com a vida e felicidade.

A seguir, vamos detalhar os principais critérios relacionados à condição de felicidade:

Os 5P’s da Felicidade

Podemos definir felicidade como bem-estar emocional, referente à frequência e intensidade aumentada de emoções positivas, que o indivíduo experimenta em suas interações existenciais, quando comparadas às emoções negativas. Ao longo dos nossos estudos, pudemos identificar que tipo de realidade existencial as pessoas mais felizes constroem e vivenciam com frequência em sua rotina diária. Essas pessoas, que apresentam os maiores índices de bem-estar, podemos dizer de forma simplificada, vivenciam os 5P’s da felicidade:
  1. Prazer – O bem-estar da gratificação, em diferentes fontes de lazer e diversão. Tais indivíduos buscam uma diversidade de atividades e experiências agradáveis em sua rotina, de modo que não lhes impeçam o alcance de metas, nem tragam prejuízos a si mesmos ou demais pessoas.
  2. Paz – O bem-estar da serenidade, tranquilidade, relaxamento e de um estilo de vida saudável e confortável. Tais indivíduos agem de forma a remover ou resolver imediatamente os estressores que surgem em sua rotina, distinguem preocupações produtivas e relevantes de improdutivas e irrelevantes, não perturbando as relações ou criando problemas para si mesmos.
  3. Pertencimento – O bem-estar da socialização, vinculação e intimidade. Tais indivíduos agem habilidosamente nas relações interpessoais, praticando gentileza e conversação, a fim de gratificarem-se com elas e exibindo valores de orientação ao outro, para construção de parcerias e fortalecimento dos entrelaçamentos.
  4. Propósitos – O bem-estar existencial alicerçado em um projeto de vida produtiva. Tais indivíduos constroem e dedicam-se a contínuas metas de enriquecimento pessoal em experiências de aprendizado e crescimento, realização, conquistas, espiritualidade, ideologias, contribuições à comunidade e melhorias sociais.
  5. Positividade – O bem-estar da autoapreciação de características comportamentais que, colocadas a cargo da construção e modificação da própria realidade e da vida, para fazer frente às necessidades e adversidades, resultem em consequências de reforçamento frequentes e significativas. Tais indivíduos focam o melhor das experiências, constroem concepções e as modificam, sob o efeito de fatos disponíveis e argumentos lógicos, extraem lições de frustrações, perdas e conflitos, acreditam que existem e buscam alternativas solucionadoras de seus problemas e esperam o melhor, dispondo-se a lidar com o que vier e a enfrentar o pior.
Os 6D’s da Felicidade

As condições para a felicidade incluem: desfrutar de boa saúde e conforto; encontrar sentido existencial em um projeto de vida, com metas de realização, conquistas e contribuições sociais e culturais; obter fontes de gratificação, lazer e diversão, socialização, vinculação e intimidade; enriquecer-se de experiência de aprendizados e crescimento; enfrentar e resolver adversidades e conflitos prontamente. 
Todas essas atividades podem ser agrupadas em 06 áreas ou dimensões significativas da vida para desenvolvimento e aperfeiçoamento:
  1. Dimensão Pessoal (DP) – Composta pelo bem-estar físico, derivativo das condições de saúde, vigor e aparência, do qual o indivíduo desfruta e se gratifica; e pelo bem-estar psicológico, caracterizado como o grau de satisfação com as próprias características comportamentais, incluindo personalidade, virtudes e competências. 
  2. Dimensão Interpessoal (DI) – Composta pelo bem-estar social, derivativo do estabelecimento e manutenção de relacionamentos e fontes de suporte social (amigos, parceiros, colegas, familiares e parentes), do qual o indivíduo desfruta e se gratifica.
  3. Dimensão Ocupacional (DO) – Composta por atividades acadêmicas e produtivas, compatíveis com as próprias habilidades, preferências e importância conferida àquilo que é produzido.
  4. Dimensão Material (DM) – Composta pelo bem-estar objetivo, derivativo do estilo e qualidade de vida, do qual o indivíduo desfruta e gratifica-se, proveniente dos padrões de renda, estabilidade financeira, empregabilidade e governança política, para acesso a oportunidades, bens de consumo, nutrição, serviços escolares, de saúde, deslocamento e transporte, lazer, moradia, conforto, localização residencial, segurança física e social, rotina, ritmo de vida e tempo livre.
  5. Dimensão Recreativa (DR) – Composta pelas diferentes habilidades para diversão, hobbies e fontes de lazer e relaxamento, das quais o indivíduo desfruta e se gratifica.
  6. Dimensão Existencial (DE) – Composta pelas metas ideológicas, espirituais, de aprendizagens, crescimento, realizações e conquistas que o indivíduo estabelece, busca e das quais desfruta e se gratifica.
As 10 Habilidades Psicológicas (HP’s)

Alcançar uma realidade existencial, cujo estilo e qualidade de vida contemplem integralmente as habilidades psicológicas, não é tarefa simples. Por isso, buscamos alcançar essa condição, aplicando o repertório comportamental (conhecimentos, raciocínios, competências e atitudes), que nossa história nos proporcionou. Além disso, um conjunto de habilidades psicológicas e valores relacionados, muitas vezes desconhecido ou subdesenvolvido, pode ser aprendido:

  1. Autoconhecimento – A habilidade de identificar ou gerar hipóteses factíveis sobre as causas dos problemas e das adversidades, através de uma análise das interações e experiências imediatas e históricas, reconhecendo déficits ou excessos, sem autoatribuição depreciativa, fictícia e distorcida da realidade e responsabilidade pessoal, identificando os próprios pensamentos, sentimentos, comportamentos e necessidades emocionais, os contextos em que ocorrem, suas consequências mantenedoras e as experiências em contextos semelhantes, que ao longo da vida desenvolveram esses aprendizados.
  2. Autocontrole (Orientação para o futuro ou de longo prazo) – A habilidade de controlar o ambiente, inibir, variar e substituir comportamentos, para privar-se de objetivos imediatos disponíveis, mas de menor magnitude ou que produzam consequências aversivas de longo prazo, de modo a executar e manter comportamentos, que alcancem resultados de maior magnitude ou evitem maiores danos no futuro, construindo metas alcançáveis de realizações, a partir das competências disponíveis no próprio repertório comportamental, em oposição a expectativas utópicas, buscando crescer e se desenvolver, para projetar novas metas, e isso como exercício constante.
  3. Autoestima – A habilidade de reconhecer e gostar das próprias características físicas e comportamentais, tendo a convicção de ser agradável e apreciável por causa delas; e de possuir competências para ser eficaz em atividades e realizações.
  4. Autorregulação Emocional – A habilidade de se manter sereno diante de uma situação estressora ou já estar dessensibilizado frente a estimulações aversivas, autorregular e suportar o desconforto emocional derivados da privação, frustração, incerteza e comportamento alheio, quando diferente e não nocivo, tornando-se resiliente, não podendo controlar todos os eventos que o afetam para ter suas necessidades sempre e prontamente atendidas. Portanto, a Autorregulação Emocional pode apresentar quatro subcategorias: tolerância emocional, tolerância à frustração, tolerância à incerteza (aceitação de riscos calculados) e tolerância interpessoal.
  5. Hedonismo Responsável (Busca de prazer consciente) – A habilidade de aumentar o autointeresse e autocuidado, planejando e buscando ativamente fontes de gratificação e prazer em diversas áreas, avaliando suas consequências imediatas e de longo prazo sobre si e sobre outros, reconhecendo as próprias necessidades como importantes, dedicando tempo e esforço para atendê-las.
  6. Resolutividade e Enfrentamento – A habilidade de gerar soluções criativas e produtivas de curto e longo prazo para os problemas, aceitando e enfrentando os riscos calculados, em oposição à inércia, lamúria, fuga, evitação, procrastinação ou dependência.
  7. Raciocínio Realisticamente Otimista – A habilidade de reconhecer falácias e distorções, analisar eventos por diversos ângulos, mudar de opinião diante de fatos ou argumentos lógicos; além de desenvolver expectativas de que as coisas podem mudar para melhor, de modo que aumente a esperança (atribuições otimistas), e explicar as experiências como transitórias, específicas aos contextos em que ocorrem e determinadas por fatores ambientais, falta de habilidade ou treino (atribuições realistas), substituindo avaliações abrangentes, permanentes e autocríticas (atribuições pessimistas).
  8. Sociabilidade (Habilidades Sociais de Auto-orientação e Interesse Pessoal) – A habilidade de mudar o comportamento, em função do contexto e necessidades de uma relação interpessoal, a partir de um amplo repertório de habilidades sociais, que contribua para o alcance dos objetivos, enquanto preserva a harmonia e qualidade dos relacionamentos.
  9. Sensibilidade Social (Habilidades Sociais de Altruísmo, Vinculação e Orientação para o Outro) – A habilidade de empatizar, compreender sentimentos e necessidades alheias, apreciar as virtudes das pessoas, valorizando-as e reforçando-as por isso, construindo relações interpessoais gratificantes, vínculos de amizade e amor, sentindo-se pertencente e seguro de ter com quem contar.
  10. Imunidade Social – A habilidade de tomar decisões, expressar-se e agir ao próprio modo com independência, ainda que de formas não tradicionais ou convencionais, consciente de seus benefícios, sem se preocupar com a opinião alheia, ainda que discordante, desde que isso não afete a outros.
Terapia Cognitivo-Comportamental das Habilidades Psicológicas:

A Felicidade Integral é a expressão que cunhamos quando é alcançado um predomínio de realização e gratificação em todas as dimensões, não a ausência utópica de problemas e sofrimento. Por isso não falamos de Felicidade Plena, porque não há um pico desse sentimento que se possa alcançar e lá permanecer. É um conceito dinâmico, dependente das interações cotidianas. Pode-se estar feliz em uma dimensão e infeliz em outra, a depender das nossas concepções e condutas com tudo e todos que fazem parte delas. Como nossas interações dependem dos repertórios que pudemos desenvolver, nem sempre temos as atitudes mais elaboradas para isso. 

O modelo TCC-HP (ou THP) aborda a felicidade com um caráter dinâmico e processual, com foco em “habilidades”. Isto, por entender que quando as pessoas se desenvolvem psicologicamente, para atuar nas dimensões significativas da vida, aumenta a probabilidade de produzir, em cada uma delas, suas fontes de gratificação e de viverem felizes. Compreender os critérios e o modelo integral do THP potencializa a capacidade de analisar e decidir melhor sobre um projeto de vida compatível com a felicidade pessoal.

O foco está nas habilidades psicológicas, pois são as variáveis da felicidade em que primeiro podemos investir diretamente. Claro que não estamos excluindo o impacto de fatores sociais ou naturais que estão fora do controle pessoal. Mas, quando uma pessoa utiliza suas forças pessoais, ela pode sentir-se intrinsecamente recompensada. Em outras palavras, é intimamente gratificante poder colher resultados positivos das próprias ações. Ser o designer e autor da própria historia e realidade feliz. Tornar-se a causa daquilo que deseja.

Falar em habilidades é falar em progresso, desenvolvimento, crescimento. Isso tem relação com o fato de que os seres humanos precisam evoluir psicologicamente para alcançar felicidade. Como mostra a metáfora da natureza: uma semente cresce e floresce até dar seus frutos. Então, a ideia é que quando estamos em estado otimizado, florescendo, nós estamos vivenciando felicidade. A felicidade tem a ver com o modo como nos relacionamos conosco, com o que há no mundo e com a vida. A proposta THP é reunir intervenções que nos desenvolvam em habilidades. Quanto mais aplicamos nossas forças pessoais nas áreas significativas da vida, nos tornamos mais felizes.

Em síntese, o modelo THP compreende 10 habilidades psicológicas, que se concentram em 06 dimensões da vida, produzindo 05 resultados finais. Esses 21 conceitos principais configuram uma equação psicológica, reunindo critérios que estão relacionados nas interações determinantes da felicidade.

Este modelo de terapia tem em vista dois objetivos principais: (1) superação de limitações e psicopatologias clínicas; e (2) desenvolvimento de características comportamentais saudáveis para qualidade de vida, sucesso e felicidade. Esta primeira proposta configura um segmento terapêutico para reabilitação de transtornos psicológicos, enquanto a segunda consiste numa proposta de coaching para desenvolvimento pessoal.

Nesse sentido, observando os excessos e déficits da pessoa em atendimento clínico, podemos identificar, dessas 10 habilidades, aquelas que uma vez desenvolvidas na sua vida, contribuirão para evitar ou resolver muitos dos problemas, das dificuldades ou dos sofrimentos em que hoje se encontra. Então, podemos programar o processo terapêutico de forma bem mais estruturada e orientada, para promover essas características na pessoa e melhorar as suas relações existenciais, intra e interpessoais, em qualquer área da vida, que esteja prejudicada.

Da mesma forma, ainda que uma pessoa não reúna critérios suficientes para um transtorno psicológico ou não tenha excessos que comprometam o seu bem estar, as relações que estabelece com outras pessoas e as áreas em que circula, pode não ter tido uma história de vida que lhe permita um comportamento mais eficaz, para alcançar algum tipo de meta pessoal.

Etapas do Processo de Desenvolvimento Psicológico (PDP):

Sistematizar o PDP é importante para assegurar que a teoria seja efetivamente levada para a prática. O clínico pode se apoiar no PDP para planejar os encontros, estando sensivelmente atento na condução clínica. Assim, a flexibilidade clínica é mais fácil ou segura, tendo como base uma estrutura planejada. Esse planejamento deve ser feito com suficiente antecedência e constantemente atualizado. O roteiro de uma sessão não deve ser improvisado minutos antes da sua aplicação, tampouco um processo mais extenso.

1ª ETAPA: Motivação

Muitas literaturas de cunho terapêutico ou de desenvolvimento pessoal dividem o processo clínico em uma fase avaliativa e outra interventiva. Contudo, primeiramente é indispensável assegurar que o individuo esteja motivado para o PDP ou que passe por essa etapa, a fim de assumir ativamente o comprometimento e a responsabilidade pelo PDP. Isso é necessário, porque estar motivado é o primeiro fator de um engajamento comportamental. A fase de motivação termina na decisão de se desenvolver. Isto é, nessa etapa a pessoa se torna interessada em mudar, ao passo que nas etapas seguintes ela age empenhada e ativamente para mudar. Esta etapa visa renovar a esperança de mudar as coisas, para obter mais gratificação e diminuir o estresse, como também motivar o indivíduo para o engajamento e esforço que o processo requer. Assim, os pontos abaixo têm como objetivo principal a motivação pessoal.

2ª ETAPA: Autoconhecimento: Análise dos padrões comportamentais, determinantes atuais e históricos

Esta etapa corresponde diretamente ao desenvolvimento da HP de autoconhecimento. Todas as ferramentas e técnicas podem ser aplicadas nesse momento, de acordo com a necessidade. Uma observação importante é identificar se a pessoa busca conhecer a si mesma passiva ou ativamente. A postura passiva é evidenciada quando uma pessoa recebe informações e análises sobre seus padrões psicológicos, de terceiros ou do terapeuta, sem estar suficientemente motivada a conhecer-se. Tendo atingido um nível significativo de motivação para o PDP na primeira etapa, a pessoa tende a uma busca ativa por autoconhecimento. Essa busca ativa se mostra na prática, por exemplo, quando ela faz perguntas ao profissional sobre seu comportamento, aumenta o seu nível de auto-observação no cotidiano ou solicita feedback sobre si às pessoas com quem convive. O autoconhecimento ativo é o ponto mais alto desta etapa. Nessa condição, a pessoa está motivada a entender os seus padrões comportamentais e suas experiências históricas e atuais, desejando ser cientista de si mesma.

3ª ETAPA: Reestruturação e Mentoriação

Reestruturação de distorções: Nesta etapa, a reestruturação cognitiva visa corrigir raciocínios sobre os valores correspondentes à HP que se quer desenvolver. Pensamentos não realistas e não pragmáticos freiam seu desenvolvimento. Ao longo do livro, para cada uma das HP’s apresentamos distorções típicas e suas correções.

Desenvolvimento de raciocínios para as HP’s: Recomenda-se que a pessoa pratique raciocínios psicologicamente saudáveis sobre os valores relacionados a cada uma das HP’s. Essas mentalidades (classes de conceitos) são interessantes para ampliar e refinar a perceptividade do individuo e para orientá-lo funcionalmente à ação.

Muitas intervenções são baseadas em listas de frases, analítico-comportamentalmente revisadas, que podem servir de ponto de partida para o desenvolvimento de raciocínios saudáveis sobre as HP’s. Muitas dessas frases são de autoria de importantes e respeitadas figuras da historia da humanidade. As frases devem receber uma aplicação sensível ao contexto e objetivos da pessoa, segundo análise funcional.

4ª ETAPA: Imersão: Envolvimento com fontes de HP’s

A quarta etapa é fundamentalmente caracterizada pelo contato e interação com fontes das HP’s. Se uma pessoa exibe determinadas HP’s, podemos investigar que tipo de experiências foi responsável por esse desenvolvimento, a fim de buscar vivenciá-las também. Além disso, podemos reproduzir seus padrões, imaginando como ela agiria em determinadas circunstâncias que vivemos. Não há obstáculo à mudança que resista a 24 horas de imersão por dia – 07 dias por semana. A imersão mexe com o que você tem visto, tocado, escutado… “jogado para dentro de si, através das janelas dos sentidos”. Diversos meios podem contribuir como condições de aprendizagem de HP’s. Pessoas desenvolvidas em HP’s podem ser modelos ou mentores. Ainda que não sejam profissionais do desenvolvimento, elas podem servir de exemplo para nossa atuação e revelar as concepções que os guiam.

Podemos também utilizar livros, artigos, documentários, treinamentos, entrevistas, visitas a lugares significativos, filmes, podcasts, cursos e músicas. Assim como, a pessoa pode buscar experiências diretas sobre o que quer desenvolver. Por sua vez, o profissional que orienta o PDP pode oferecer um plano variado e personalizado de imersão, incluindo também o seu próprio repertório de HP’s. Quanto mais fontes de imersão, maior o “banquete para nutrir psicologicamente” a pessoa. Isso colabora com a expansão da variabilidade comportamental do treinando. O filtro de personalização é importante nesta etapa, para avaliar e selecionar, dentre os conteúdos de toda imersão realizada, aqueles que condizem especificamente com o contexto de vida e propósitos do indivíduo. Esses conteúdos psicológicos da imersão são raciocínios e ações associados às HP’s, que a pessoa precisa desenvolver.

5ª ETAPA: Reversão: Simulação, Exposição e Experienciação das HP’s (imaginária e ao vivo)

A reversão é a prática dos conteúdos psicológicos imersos e selecionados personalizadamente. Após a imersão, pode-se planejar a aplicabilidade do novo repertório de HP’s, por meio de três estratégias: A simulação é o meio pelo qual a pessoa dramatiza as HP’s junto com o profissional, idealizando uma situação com potencial de acontecer realmente. A exposição é a intervenção em que a pessoa se apresenta ou frequenta uma situação sem pretensões de alterá-la. Normalmente, essa estratégia é voltada para contemplação, dessensibilização ou regulação de pensamentos e sentimentos gerados por um contexto. A experienciação é a programação de atuação com o novo repertório de HP’s em contexto natural.

A exposição e a experienciação podem ser aplicadas imaginariamente e ao vivo. Na primeira modalidade, a pessoa fecha os olhos para evitar distrações desnecessárias com estímulos externos, começa a elaborar sensorialmente o contexto de atuação e imagina-se agindo nele, observando os resultados de suas ações. Na segunda modalidade, pode-se planejar a vivência natural das HP’s recém-aprendidas, em contexto apropriado, observando também as consequências desse desempenho.

Sobre o desenvolvimento de habilidades, também é importante ressaltar que os passos devem ser sistematicamente graduais, a fim de que a pessoa treine do nível simples ao complexo, de acordo com o repertório já alcançado. O ideal é que o processo de aprendizagem seja tão bem dividido em partes menores, ao ponto do praticante não correr riscos previsíveis e acumular frustrações iniciais.

Até que a pessoa consiga gerar os benefícios ou resultados esperados diretamente pelas suas ações, ela pode receber o acompanhamento, suporte e feedback positivo de um treinador. Na medida em que as etapas básicas sejam conquistadas, a pessoa poderá assumir riscos calculados, regulando-se com as possíveis frustrações. Em termos comportamentais, orienta-se utilizar esquemas de reforçamento contínuo, para o estabelecimento do repertório e de reforçamento intermitente, para manutenção do hábito e refinamento da prática.

Transformação contextual e social: O mais importante nesta etapa é que os fatores desfavoráveis ao desenvolvimento psicológico sejam revertidos para um novo cenário favorável contextual e socialmente, dentro de uma controlabilidade possível de se exercer. Nos casos de fatores que não podem ser alterados diretamente, a pessoa poderá praticar os valores de aceitação, tolerância e paciência, ao menos temporariamente. Em alguns casos, não sendo possível alterar o ambiente, sair e se mudar dele poderá ser a melhor solução.

6ª ETAPA: Refinamento

Avaliação (checklist): Após a etapa de reversão, ainda existem alguns critérios para conclusão do PDP. Pode-se construir colaborativamente um checklist, para a pessoa orientar a sua atenção ao que precisa ser observado e analisado nessa fase de adaptação final do processo. Isso pode incluir os determinantes-alvo da etapa de reversão, eficácia do desempenho e critérios de mensuração das HP’s recém aprendidas e praticadas em contexto natural.

Feedback: O profissional pode avaliar a reversão em atendimento e acompanhamento extraconsultório. A pessoa, por sua vez, pode solicitar que alguém de confiança, capacidade analítica e sensibilidade social, a observe e descreva a sua percepção, opinando sobre o seu processo de reversão e desempenho pessoal.

Complementação: A partir dos dados avaliados por meio de checklist ou feedback, pode ser necessário retornar à terceira e quarta etapas para complementar o desenvolvimento repertorial. O refinamento consiste em maximizar a adaptabilidade às novas mudanças, avaliando se o repertório de HP’s está suficientemente desenvolvido para atender aos objetivos-alvos, adaptar-se às mudanças contextuais e produzir os melhores resultados.

Recomenda-se que as mudanças sejam inicialmente mantidas, com orientação profissional, através de esquemas de reforçamento contínuo. Assim, todo comportamento de progresso ou desejável deverá ser reforçado, a fim de motivar a pessoa a continuar engajada. Em seguida, a intermitência do reforçamento deverá ser aumentada gradativamente, até que seja também assumida pelas consequências naturais.

Coaching na clínica:

Nem sempre os clientes reúnem critérios para um diagnóstico psicopatológico, buscam tratamento de um trauma ou a demanda é fundamentalmente associada a um sofrimento.

Coaching é uma modalidade clínica que visa desenvolvimento pessoal e alcance de metas pessoais em determinadas áreas da vida, para aumentar e fazer predominar maiores níveis de realização e gratificação nela: o que chamamos de felicidade.

Como a vida é composta por 6 Dimensões: Pessoal, Interpessoal, Ocupacional, Material, Recreativa e Existencial, pode-se estar feliz em uma delas, mas não em todas elas. Sendo necessário, um conjunto de atitudes e repertórios comportamentais para, com eles, atuar em todas e alcançar o que denominamos de Felicidade Integral.

O modelo THP de quarta geração de TCC’s, oferece critérios, etapas e ferramentas para o processo de avaliação e desenvolvimento pessoal.

Fonte: https://inteligenciapsicologica.com.br/blog

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