A psicologia humanista começa com aquela visão otimista em relação ao ser humano.
Ela se inicia com o psicólogo Abraham Maslow, que falava o seguinte: o ser humano possui uma tendência de se auto realizar, ou seja, a tendência de ser feliz.
E é curioso, dizia Maslow, que a psicologia só fala do lado ruim do ser humano, só vai falar das histéricas de Freud; dos fóbicos de Skinner, etc. Mas e o amor? E a solidariedade? Será que a psicologia não tem nada para falar sobre isso? E ele então
começou a falar sobre o potencial de auto realização.
Você já deve ter visto aquela pirâmide de hierarquia de prioridades de Abraham Maslow, cuja base da pirâmide é fisiologia, ou seja, se você não tem comida, não tem bebida, se você não pode fazer suas necessidades básicas, se você não tem saúde, você não consegue nem pensar em se auto realizar.
Então você tem a fisiologia, que é o primeiro nível, depois a gente vai ter a segurança, e a partir daí que vão surgir outros níveis, como por exemplo:
relações pessoais, amizades, relacionamentos, autoestima, etc. Tudo isso vai estar logo acima, então se você tem apenas segurança, ou se você nem tem segurança, não há o
que se falar em auto realização; em perceber o seu propósito; ir bem além daquilo que você imaginava; você romper os seus limites.
Esse movimento humanista possui uma visão positiva em relação ao ser humano. Abraham Maslow, Carl Rogers, Fritz Perls, até mesmo Sartre e o Existencialismo.
Tudo isso veio surgir de uma corrente filosófica chamado fenomenologia. E na psicologia humanista a gente tem uma visão positiva em relação ser humano, então Maslow falava o seguinte: a estrutura humana é muito frágil, ela não é má como diz Freud; ela não tem impulsos animais.
Na verdade ela seria frágil, porém boa. E pela falta da fisiologia, da segurança essa estrutura que inicialmente era básica, era boa, era positiva, ela se quebra. E Carl Rogers, que vai ser um grande nome da psicologia humanista, vai seguir esse mesmo pensamento.
Ele vai falar que a pessoa fica doente quando tem uma incongruência envolvendo a perspectiva interna com a perspectiva externa, ou seja, você – “o que que é você?; você que sabe o que é você” –. Existe um “você” que só você que conhece, que possui uma intenção positiva, só que quando você, pela falta da fisiologia, pela falta da segurança começa a tomar certas atitudes, que são incongruentes com quem realmente você é, você vai gerando psicopatologias.
Freud falava que no mal estar da civilização ser neurótico era o preço a ser pago para vivermos em sociedade.
Porque teríamos, de certa forma, a necessidade de censurar nossos instintos. Mas na verdade o movimento humanista vai falar o contrário – “olha o ser humano possui uma tendência de ser bom sim, só que é o ambiente que acaba o corrompendo” – em
certa medida, a psicologia humanista acaba resgatando o mito do “bom selvagem” de Rousseau, que é aquela ideia de que o ser humano é essencialmente bom, mas se não concebermos o ser humano como bom –“ isso foi algo que Carl Rogers percebeu”- vamos supor que o ser humano não é bom.
Se ele quer mudança na clínica, como cliente, se eu não conseguir o ver como alguém bom, que tem uma tendência de se auto realizar, que tem uma tendência de atingir seus sonhos, seus objetivos, esse ser humano não vai conseguir atingir seus objetivos.
Então surgiu essa visão mais positiva em relação ao ser humano.
E Robert Dilts bastante inspirado por essa pirâmide de Maslow, vai criar também a sua pirâmide, que vai chamar de “Níveis Lógicos” (níveis lógicos da aprendizagem). Por mais que esse modelo de Dilts não seja científico, assim como o de Maslow não é
ciência, é um modelo muito bom para explicar a aprendizagem.
O primeiro nível seria o Ambiente, se eu não tiver a oportunidade, já era! Vamos supor que eu tenha nascido no
meio da floresta e eu tenha sido criado por lobo, eu não estaria conversando com você, ou seja, eu preciso estar no ambiente correto, favorável, para conseguir progredir, para conseguir aprender.
Há mais um nível, que é o “Comportar-se de Forma Adequada” – “eu tenho que assistir às aulas, eu tenho que estudar, eu tenho que fazer resumos” – para que eu possa aproveitar ao máximo aquele momento de aprendizagem, tem uma série de coisas que eu preciso fazer. O comportamento; o que eu tenho que fazer, é isso que esse nível vai falar.
Há também o nível da “capacidade” (que é a capacidade de saber como que eu vou poder desempenhar aquele comportamento).
Por exemplo: imagina que você está vendo pessoas dançando forró e tem um giro e, você sabe que aquele giro encaixa muito bem em determinado trecho da música. Você já está no local certo, já está no forróç, aí você sabe que tem um giro que se encaixa perfeitamente naquele momento da música.
Se você não tem capacidade de fazer esse giro, já era! Perceba que “dar sorte” e “dar azar” vai depender muito mais de você ter todos os elementos necessários para a mudança.
Então você tem que estar no ambiente certo; você tem que saber o que fazer, que é o comportamento adequado e mais do que isso, tem que saber como fazer. Se eu não souber realmente como fazer, não adianta.
Robert vai falar que esses são os três níveis elementares da mudança.
Robert Dilts vai além desses níveis, após o nível da capacidade nós teremos o das
“crenças e valores”. Agora por que que crença anda junto com valor? – “eles não são a mesma coisa” – porque muitas vezes a crença é uma forma de você dar um aspecto mais concreto para o valor bem positivo que existe.
Se eu te falo um valor, por exemplo, “honestidade”, por que a honestidade é
importante? – “você vai me falar um monte de crenças” – e é assim que a gente faz, a crença está sempre conectada com valores – “ninguém acredita do nada” – aliás, se a
pessoa está acreditando sem ter um valor por trás ela fica frequentando determinada religião apenas para “bater ponto”.
Você já deve ter visto aquela gente – ah, assaltante, assassino que se converte, aí
passa, sei lá, duas semanas, comete outro crime do mesmo jeito” – é porque na verdade não houve uma mudança no valor. Geralmente uma conversão espiritual tem a ver com valor, não tem a ver necessariamente com crença. Agora muitas vezes esses valores são realmente fortalecedores para as crenças.
E por que é tão importante falar de crenças e valores? Porque muitas vezes as crenças que você possui são péssimas, te jogam para baixo. Se você tiver certeza que é impossível, você já acertou, é uma profecia auto realizável.
Então tem muita gente que possui dificuldade de aprendizagem, possui a capacidade, sabe estudar direito, está no ambiente correto, e o negócio não desenvolve – “ah, mas não desenvolve porque eu sou nervoso; tem questões emocionais” – problemas envolvendo crenças e valores.
Se você tem uma crença muito grande na sua capacidade de fazer alguma coisa –
“olha, eu não vou ter aquele discurso ingênuo de que todo mundo pode fazer o que quiser. Não! Não pode!”. Mas eu consigo ser a melhor versão possível de mim mesmo.
A sua crença vai te fazer, por exemplo, ter paciência de ficar o final de semana todo estudando – a sua crença correta vai fazer você buscar ter a capacidade, vai fazer você buscar se comportar corretamente, vai fazer você buscar pelo ambiente correto.
Quando você realmente acredita você não tem mais tempos para desculpas. E por isso que também falaremos um pouco sobre crenças nesse curso. Talvez as crenças que você esteja carregando, são crenças muito ruins, são crenças que estão te paralisando, crenças que não estão deixando você desenvolver a sua capacidade da forma que deveria ser desenvolvida.
E acima das crenças e valores existe um nível ainda muito importante, que é a
“Identidade” (o que que é você?). Maslow começava as suas aulas fazendo uma
pergunta, ele ía dar aula de psicologia e perguntava – “algo que eu vou te perguntar agora:” – “Por que que você está aqui hoje?; por que amanhã você vai acordar naquele horário?; qual o propósito por trás de tudo aquilo que você faz?; existe propósito?; será que você não está vivendo uma vida automática, que não tem nada a ver com você?” – a busca pela sua identidade também é geradora de mudanças – “por que que você vai acordar amanhã?” – Carl Rogers falava que a terapia não precisava de protocolos, a gente só precisava ser capaz de tornar o nosso cliente humano, é um processo de se tornar humano, resgatar seus valores – “o que que é importante pra você?; o que que você gosta de fazer?” – é claro que muitas vezes, pela necessidade, você vai fazer algo que não tem muito a ver com você.
E além da identidade tem um último nível, que Robert vai colocar como “espiritualidade ou propósito”. Espiritualidade não tem a ver com religião, religião tem a ver com crença (uma quantidade de crenças). Espiritualidade tem a ver com
tornar a sua vida relevante para além de você, deixar um legado.
O que você gostaria que fosse lembrado de você depois de você morrer? Agora, são preocupações que talvez nem passe na sua cabeça. Talvez você esteja preocupado com segurança – “ótimo! Mas e depois? E depois que você já tiver a capacidade?” – é muito comum ver isso em bilionários, igual o Bill Gates por exemplo.
Só que para você atingir esse nível de propósito você já tem que ter
resgatado o que que é você; quais são suas crenças; quais são seus valores, etc. é aí que a hipnose vai trabalhar (crenças, valores, propósitos).
Quais as crenças limitantes que você possui? É isso que a hipnose trabalha, a hipnose não trabalha com capacidade, mas técnicas de memorização trabalham com a capacidade, técnicas de resumo e anotação trabalham com a capacidade,
mas isso não.
Fonte: baseado em curso ministrado por Alberto Deli'ssola.
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